Algumas pessoas costumam ter uma imagem muito positiva de si mesmas. Se vêem como pessoas boas, que se sacrificam, que agem pelo bem e pela satisfação dos outros. Isso, de fato, faz parte da natureza delas, que costumam ter grande sensibilidade emocional e compaixão pelos demais. Por outro lado, isso também passa a ser uma imagem construída, pela qual elas lutam e querem ser reconhecidas – a imagem do doador e apoiador, do amigo incondicional.
Pode ser um processo doloroso para essas pessoas perceberem que boa parte da sua enorme dedicação e atenção aos outros tem a ver com a manutenção dessa imagem.
A adulação recorrente, como forma de despertar sentimentos agradáveis no outro, faz com que apoiem, encorajem e elogiem buscando seres retribuídos em igual grau por sua dedicação. Na maioria das vezes, essa necessidade de reconhecimento e retribuição pelos serviços prestados não é comunicada. Trata-se de uma espera implícita de reconhecimento, baseada na crença de que “é dando que se recebe” ou “se fiz por você, eu mereço um retorno”.
O orgulho também impede essas pessoas de pedirem esse retorno e até admitirem para si mesmas que precisam dele. Ao fazerem tanto pelos outros, se tornam muitas vezes indispensáveis, atrapalhando o desenvolvimento e a independência de outras pessoas, que partem do princípio de que, se sempre tem quem faça por elas, não precisa se desenvolver.
De fato, ao se tornarem essa figura indispensável, essas pessoas acabam criando vínculos de dependência e as outras pessoas acabam sempre precisando delas. Trata-se de uma forma de mantê-las sob suas asas, sob sua influência, em uma rede de controle emocional. Seu orgulho aparece também como um “auto-engrandecimento”, que se infla ao ouvir coisas do tipo: “você faz a diferença na minha vida” ou “sem você não teria conseguido”. Esse orgulho pode ser visível ou mesmo ficar escondido atrás de uma apresentação humilde.
Seja como for, o fato é que, com o tempo, essas pessoas passam a estar sempre disponíveis a ajudar aqueles que consideram especiais em suas vidas, acabando por eleger, sem perceber, um grupo seleto de pessoas pelas quais fazem qualquer coisa e estarão sempre disponíveis na função de conselheiros e apoiadores. Esse grupo pode contar com o filho, o marido, a esposa, o chefe, aquele amigo ou um pequeno grupo de amigos muito importantes –“os eleitos”. São capazes de deixarem suas vidas de lado imediatamente para correr em auxilio dessas pessoas especiais. É importante salientar que somente pessoas que estão em seus grupos de eleitos recebem esse alto grau de dedicação.
Mas muitas vezes o comportamento dessas pessoas são prejudiciais para elas mesmas, pois elas têm uma enorme dificuldade de dizerem “não” e por isso se anulam, se sacrificam, abrem mão delas mesmas e de seus compromissos, passam por cima de suas necessidades para agradar aos outros.
Ao dizerem SIM aos outros, dizem NÃO a elas mesmas!
A repressão das suas necessidades pessoais acabam gerando um certo orgulho, uma sensação de autossuficiência, de não precisarem de ninguém , de bastarem a si mesmas. Na realidade, continuam sendo um poço de carência, mas não enxergam, pois tomar consciência disso assusta, pelo simples fato de lembrar que essas expectativas podem não ser preenchidas.
Quando crianças internalizaram que o amor é condicional: seja bom, ajude e será amado! Muitos foram, bem cedo, apoios para necessidades emocionais de membros da família.
As características que descrevi nesse Post, são comuns na personalidade Tipo 2 do Eneagrama. Mas todos podem ter um pouco dessas características na sua personalidade.
O Eneagrama é uma ferramenta de autoconhecimento, uma espécie de mapa que explica em profundidade nove tipos de personalidades, mostrando a origem de cada uma, e os caminhos de desenvolvimento pessoal para nos sentirmos completos e realizados com nós mesmos e com os outros.
Quando as pessoas da personalidade Tipo 2 do Eneagrama trabalham o autoconhecimento, passam a seguir o caminho de desenvolvimento para encontrar sua verdadeira essência. Aprendem a dizer “não”, a colocar limites, sem medo que deixem de gostar deles. É o reencontro com a virtude da humildade.
- Descobrem finalmente sua identidade própria;
- Percebem que precisam dar em si mesmas o abraço que vivem dando nos outros;
- Identificam suas necessidades e cuidam delas.
- Abandonam a ideia de salvar o mundo.
- Assumem como sua a tarefa de cuidar de suas carências, em vez de esperar isso dos outros.
- Constatam suas fragilidades e suas necessidades, quebrando o orgulho e vendo que precisam de ajuda e de se abrirem aos outros.
- Aprendem a cuidar de si mesmas, aceitam a solidão, descobrem suas próprias necessidades e desenvolvem seu lado criativo.
Enfim, encontram a sua verdadeira essência!
Quer se autoconhecer e se desenvolver? Saiba mais sobre o nosso Curso on line de Eneagrama para Produtividade e Qualidade de Vida, promovido pelo Instituto EPQ. Assista na comodidade da sua casa e no seu tempo, com ferramentas de aplicação prática, muitos conteúdos exclusivos.
Um grande abraço, Renata Ary
Referências Bibliográficas:
Eneagrama para Lideres
Eneagrama da Transformação
Link permanente